terça-feira, 19 de abril de 2011

Fundação de Itaberaí - GO

UM POUCO DE HISTÓRIA
Por Antônio César Caldas Pinheiro
        A cidade de Itaberaí surgiu no século XVIII, por volta do ano de 1770, nas proximidades da fazenda Palmital. O princípio do arraial se deveu à devoção dos roceiros da região que se juntaram e edificaram uma capela sob a invocação de Nossa Senhora da Abadia (onde hoje é a Igreja Matriz). Aos poucos, com a chegada de mais moradores, o arraial, então conhecido por Curralinho, foi se firmando.
        Entre os primeiros moradores alguns se sobressaíram pela grande influência que exerceram no crescimento do arraial, salientando-se entre eles, Francisco Tavares, que doou parte de suas terras para patrimônio de Nossa Senhora da Abadia, o capitão-mor Salvador Pedroso de Campos que não era da região de Curralinho e que não foi o primeiro dono da fazenda Palmital, o capitão de Ordenanças João Luiz Brandão, padres Joaquim Ildefonso de Almeida e Francisco Luiz Brandão, o Capitão Felipe Antônio Cardoso, o capitão Tristão da Cunha Morais, capitão José Manuel da Silva Caldas e outros.
        Por Curralinho a povoação ficou conhecida por mais de século, até que em 05 de agosto de 1924, por iniciativa do deputado coronel Benedito Pinheiro de Abreu, foi aprovado o projeto de mudança do nome de Curralinho para Itaberahy que significa na língua guarani “Rio das Pedras Brilhantes”.
        Segundo tradição oral, o curralzinho do qual o arraial tomou o nome, apenas corruptelado para Curralinho, existiu no “Larguinho”, hoje praça Sinhô Pinheiro (conhecida por praça Joaquim Lúcio). Junto a este curralzinho construíram um rancho para pouso dos vaqueiros e tropeiros que andavam pela região.
        Não obstante, o arraial começou a se formar do outro lado da ipueira, na qual passa pequeno córrego ainda existente, e que nascendo no quintal da Casa de Cultura “Cel. João Caldas”, atravessa a rua Padre Pedro, corta a rua General Pedroso e se lança no rio das Pedras.
        Ali, no alto, surgiu a capelinha que já existia em 1784. Em sua volta foram construindo casas. Em 1824, segundo Cunha Matos (1979, p. 28) o arraial era formado por um grande largo e duas ruas, as atuais Padre Pedro (antes rua Direita) e Benedito Constant da Fonseca (antes rua das Flores), totalizando 52 casas. Pouco depois se formou uma bifurcação da rua Direita, descendo em direção ao rio, era a rua do Gorgulho, hoje Brigadeiro Felicíssimo. A rua comumente chamada “rua do Sapo”, hoje, General Pedroso, apesar de possuir, no século XIX, algumas casas de chácara, se formou realmente no século XX, ganhando maior expressão com a construção do Matadouro Municipal (casa de Jerônimo Vidal), ficando conhecida, durante certo tempo, por rua do Matadouro. À época não existia a rua que, partindo da frente da Matriz desce para a General Pedroso, por existir naquele local um sobrado que pertenceu a Pedro Peixoto dos Santos.
        O lugar do antigo curralzinho, porém, somente começou a integrar-se ao núcleo do Largo da Matriz, quando o capitão José Manoel da Silva Caldas, que ali possuía sua chácara, construiu algumas casas. O local tornou-se o Largo da Estalagem (que se chamou também Largo São José), hoje praça Sinhô Pinheiro (praça Joaquim Lúcio). As casas construídas pelo capitão Caldas eram interessantes, diferiam das construções de então, tendo algumas, na frente, ampla varanda, como as casas bandeirantes de São Paulo.
        Em 5 de dezembro de 1840, o curato de Curralinho foi elevado à condição de paróquia, o que se deu devido ao trabalho e prestígio do capitão Felipe Antônio Cardoso. Com isso, o arraial tomou maior alento, atraindo adventícios.
        Em 1863, construiu-se o cemitério São Miguel, acima do Largo da Estalagem, tendo-se edificado, já no começo do século XX, algumas casas detrás do cemitério.
        Por volta de 1860 formou-se a rua Capitão Caldas (antiga rua da Estalagem). Com o crescimento do arraial, a Assembléia Provincial elevou-o à categoria de Vila, por meio da Lei nº 20 de 09 de novembro de 1868, sendo instalado a 05 de setembro de 1885. Depois de 1870 foi se constituindo a rua Jerônimo Pinheiro e o beco de José da Silva, chamado antes rua da Estrada, por passar por ali, em frente à chácara do coronel José da Silva Moreira (cuja casa ainda existe), a estrada que seguia para Jaraguá. Nos anos de 1880, onde existira um trilheiro feito no cerrado e que ligava a rua Jerônimo Pinheiro à Capitão Caldas, foi surgindo a rua Senhor dos Passos, conhecida, então, por rua de Cima. No princípio do século XX formou-se o largo, então conhecido por Largo São Sebastião, onde em 1909 se construiu o primeiro mercado da cidade, e onde em 1940, no mesmo local, se edificou o Grupo Escolar Rocha Lima. Mais tarde, na década de 1930, o prefeito Benedito Pinheiro de Abreu ajardinou este largo e construiu um elegante coreto, que existiu no local da quadra de esportes “Eduardo Mendonça”, que atualmente está sendo demolida. Na década de 1950 o prefeito Balduíno Caldas construiu neste largo o Clube Social Itaberino, recentemente destruído, levantando-se no local o Palácio da Justiça.
        Por volta de 1890 já existiam algumas casas na parte baixa do grande largo que mais tarde formaria a praça Balduíno Caldas (que já se chamou praça Padre Pedro, Largo João Pessoa, praça 15 de Novembro, praça Marechal Castelo Branco e praça Coronel João Caldas) e que mais tarde, na década de 1950, receberia no alto os edifícios da igreja de São Sebastião e Colégio Imaculado Coração de Maria, sendo este construído no mesmo local onde em 1940 havia se edificado um modesto colégio das Irmãs Mercedárias, substituídas logo em seguida, em 1941, pelas Irmãs Sacramentinas e, em 1950, pelas Irmãs Franciscanas. Deste grande largo, já no final do século XIX e começos do XX, foram saindo ruas, como a Sá Tavares, São Vicente (hoje Eliezer Pinheiro de Abreu), Mestre Virgílio, Vigário Fonseca, Augusto Baylão e outras adjacentes como a Major Garcia (antiga rua da Boa Vista), a Benedito Lemes etc.
        Quatro becos existiam, por entre os quintais, “encurtando” as distâncias. O beco do Pulú que saía da rua Senhor dos Passos e, desenhando um “L”, desembocava na rua Jerônimo Pinheiro, ao lado da casa do músico Carlos Morais; o beco que da praça Balduino Caldas (perto do Bradesco), ia dar na praça Sinhô Fonseca; o beco de José da Silva, conhecido, então, por rua da Estrada; o beco que existiu na rua Jerônimo Pinheiro, entre as casas de Sebastião Augusto Barbosa e Sebastião Antônio da Fonseca (Sinhô Fonseca) e que ia dar no pasto ainda existente nos fundos das primeiras casas da rua Jerônimo Pinheiro, e o beco que da rua Capitão Caldas ia dar no cemitério.
        Da década de 1950 em diante a expansão da cidade foi enorme, crescendo primeiro para o leste e posteriormente para o norte.
        Curralinho, assim, adentra o século XX com as mesmas características das outras cidades goianas da época: casas no correr das ruas e largos de terra, sem ajardinamento ou calçamento, janelas de verga reta ou curva, esteios à mostra, beirais largos sustentados por “cachorros”.
        Muitas casas da antiga vila de Curralinho, elevada à condição de cidade por meio do Decreto nº 253 de 22 de julho de 1903, passaram a receber, mais ou menos a partir de 1910, acrescentos e melhoramentos. Utilizam-se, na época, na “modernização” das casas, platibandas, cimalhas, cornijas, vidraças. Era um novo estilo que chegava via Cidade de Goiás. Os coronéis do lugar foram os primeiros a remodelarem suas residências, tanto por foram como por dentro. Algumas receberam pinturas nas paredes e tetos: florões, ramalhetes, paisagens etc, que embelezavam as paredes dos principais do lugar.        
        A primeira casa a receber água encanada foi a de Sebastião Antônio da Fonseca (Sinhô Fonseca), que fundou a Empresa Força e Luz, em 1924, fornecendo iluminação pública e residencial, sendo Itaberaí uma das primeiras cidades do Estado a receber esta melhoria.

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