terça-feira, 19 de abril de 2011

Fundação de Itaberaí - GO

UM POUCO DE HISTÓRIA
Por Antônio César Caldas Pinheiro
        A cidade de Itaberaí surgiu no século XVIII, por volta do ano de 1770, nas proximidades da fazenda Palmital. O princípio do arraial se deveu à devoção dos roceiros da região que se juntaram e edificaram uma capela sob a invocação de Nossa Senhora da Abadia (onde hoje é a Igreja Matriz). Aos poucos, com a chegada de mais moradores, o arraial, então conhecido por Curralinho, foi se firmando.
        Entre os primeiros moradores alguns se sobressaíram pela grande influência que exerceram no crescimento do arraial, salientando-se entre eles, Francisco Tavares, que doou parte de suas terras para patrimônio de Nossa Senhora da Abadia, o capitão-mor Salvador Pedroso de Campos que não era da região de Curralinho e que não foi o primeiro dono da fazenda Palmital, o capitão de Ordenanças João Luiz Brandão, padres Joaquim Ildefonso de Almeida e Francisco Luiz Brandão, o Capitão Felipe Antônio Cardoso, o capitão Tristão da Cunha Morais, capitão José Manuel da Silva Caldas e outros.
        Por Curralinho a povoação ficou conhecida por mais de século, até que em 05 de agosto de 1924, por iniciativa do deputado coronel Benedito Pinheiro de Abreu, foi aprovado o projeto de mudança do nome de Curralinho para Itaberahy que significa na língua guarani “Rio das Pedras Brilhantes”.
        Segundo tradição oral, o curralzinho do qual o arraial tomou o nome, apenas corruptelado para Curralinho, existiu no “Larguinho”, hoje praça Sinhô Pinheiro (conhecida por praça Joaquim Lúcio). Junto a este curralzinho construíram um rancho para pouso dos vaqueiros e tropeiros que andavam pela região.
        Não obstante, o arraial começou a se formar do outro lado da ipueira, na qual passa pequeno córrego ainda existente, e que nascendo no quintal da Casa de Cultura “Cel. João Caldas”, atravessa a rua Padre Pedro, corta a rua General Pedroso e se lança no rio das Pedras.
        Ali, no alto, surgiu a capelinha que já existia em 1784. Em sua volta foram construindo casas. Em 1824, segundo Cunha Matos (1979, p. 28) o arraial era formado por um grande largo e duas ruas, as atuais Padre Pedro (antes rua Direita) e Benedito Constant da Fonseca (antes rua das Flores), totalizando 52 casas. Pouco depois se formou uma bifurcação da rua Direita, descendo em direção ao rio, era a rua do Gorgulho, hoje Brigadeiro Felicíssimo. A rua comumente chamada “rua do Sapo”, hoje, General Pedroso, apesar de possuir, no século XIX, algumas casas de chácara, se formou realmente no século XX, ganhando maior expressão com a construção do Matadouro Municipal (casa de Jerônimo Vidal), ficando conhecida, durante certo tempo, por rua do Matadouro. À época não existia a rua que, partindo da frente da Matriz desce para a General Pedroso, por existir naquele local um sobrado que pertenceu a Pedro Peixoto dos Santos.
        O lugar do antigo curralzinho, porém, somente começou a integrar-se ao núcleo do Largo da Matriz, quando o capitão José Manoel da Silva Caldas, que ali possuía sua chácara, construiu algumas casas. O local tornou-se o Largo da Estalagem (que se chamou também Largo São José), hoje praça Sinhô Pinheiro (praça Joaquim Lúcio). As casas construídas pelo capitão Caldas eram interessantes, diferiam das construções de então, tendo algumas, na frente, ampla varanda, como as casas bandeirantes de São Paulo.
        Em 5 de dezembro de 1840, o curato de Curralinho foi elevado à condição de paróquia, o que se deu devido ao trabalho e prestígio do capitão Felipe Antônio Cardoso. Com isso, o arraial tomou maior alento, atraindo adventícios.
        Em 1863, construiu-se o cemitério São Miguel, acima do Largo da Estalagem, tendo-se edificado, já no começo do século XX, algumas casas detrás do cemitério.
        Por volta de 1860 formou-se a rua Capitão Caldas (antiga rua da Estalagem). Com o crescimento do arraial, a Assembléia Provincial elevou-o à categoria de Vila, por meio da Lei nº 20 de 09 de novembro de 1868, sendo instalado a 05 de setembro de 1885. Depois de 1870 foi se constituindo a rua Jerônimo Pinheiro e o beco de José da Silva, chamado antes rua da Estrada, por passar por ali, em frente à chácara do coronel José da Silva Moreira (cuja casa ainda existe), a estrada que seguia para Jaraguá. Nos anos de 1880, onde existira um trilheiro feito no cerrado e que ligava a rua Jerônimo Pinheiro à Capitão Caldas, foi surgindo a rua Senhor dos Passos, conhecida, então, por rua de Cima. No princípio do século XX formou-se o largo, então conhecido por Largo São Sebastião, onde em 1909 se construiu o primeiro mercado da cidade, e onde em 1940, no mesmo local, se edificou o Grupo Escolar Rocha Lima. Mais tarde, na década de 1930, o prefeito Benedito Pinheiro de Abreu ajardinou este largo e construiu um elegante coreto, que existiu no local da quadra de esportes “Eduardo Mendonça”, que atualmente está sendo demolida. Na década de 1950 o prefeito Balduíno Caldas construiu neste largo o Clube Social Itaberino, recentemente destruído, levantando-se no local o Palácio da Justiça.
        Por volta de 1890 já existiam algumas casas na parte baixa do grande largo que mais tarde formaria a praça Balduíno Caldas (que já se chamou praça Padre Pedro, Largo João Pessoa, praça 15 de Novembro, praça Marechal Castelo Branco e praça Coronel João Caldas) e que mais tarde, na década de 1950, receberia no alto os edifícios da igreja de São Sebastião e Colégio Imaculado Coração de Maria, sendo este construído no mesmo local onde em 1940 havia se edificado um modesto colégio das Irmãs Mercedárias, substituídas logo em seguida, em 1941, pelas Irmãs Sacramentinas e, em 1950, pelas Irmãs Franciscanas. Deste grande largo, já no final do século XIX e começos do XX, foram saindo ruas, como a Sá Tavares, São Vicente (hoje Eliezer Pinheiro de Abreu), Mestre Virgílio, Vigário Fonseca, Augusto Baylão e outras adjacentes como a Major Garcia (antiga rua da Boa Vista), a Benedito Lemes etc.
        Quatro becos existiam, por entre os quintais, “encurtando” as distâncias. O beco do Pulú que saía da rua Senhor dos Passos e, desenhando um “L”, desembocava na rua Jerônimo Pinheiro, ao lado da casa do músico Carlos Morais; o beco que da praça Balduino Caldas (perto do Bradesco), ia dar na praça Sinhô Fonseca; o beco de José da Silva, conhecido, então, por rua da Estrada; o beco que existiu na rua Jerônimo Pinheiro, entre as casas de Sebastião Augusto Barbosa e Sebastião Antônio da Fonseca (Sinhô Fonseca) e que ia dar no pasto ainda existente nos fundos das primeiras casas da rua Jerônimo Pinheiro, e o beco que da rua Capitão Caldas ia dar no cemitério.
        Da década de 1950 em diante a expansão da cidade foi enorme, crescendo primeiro para o leste e posteriormente para o norte.
        Curralinho, assim, adentra o século XX com as mesmas características das outras cidades goianas da época: casas no correr das ruas e largos de terra, sem ajardinamento ou calçamento, janelas de verga reta ou curva, esteios à mostra, beirais largos sustentados por “cachorros”.
        Muitas casas da antiga vila de Curralinho, elevada à condição de cidade por meio do Decreto nº 253 de 22 de julho de 1903, passaram a receber, mais ou menos a partir de 1910, acrescentos e melhoramentos. Utilizam-se, na época, na “modernização” das casas, platibandas, cimalhas, cornijas, vidraças. Era um novo estilo que chegava via Cidade de Goiás. Os coronéis do lugar foram os primeiros a remodelarem suas residências, tanto por foram como por dentro. Algumas receberam pinturas nas paredes e tetos: florões, ramalhetes, paisagens etc, que embelezavam as paredes dos principais do lugar.        
        A primeira casa a receber água encanada foi a de Sebastião Antônio da Fonseca (Sinhô Fonseca), que fundou a Empresa Força e Luz, em 1924, fornecendo iluminação pública e residencial, sendo Itaberaí uma das primeiras cidades do Estado a receber esta melhoria.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

História de Goiás

História de Goiânia

A idéia da mudança da capital do Estado surgiu da necessidade de localizá-la, de acordo com os interesses econômicos goianos. A primeira capital goiana - Vila Boa, hoje denominada Cidade de Goiás - tinha sido escolhida, quando a província era aurífera. Posteriormente, ficou demonstrado que a criação do gado e a agricultura passaram a ser fatores preponderantes no desenvolvimento.

Legisladores sustentaram por algum tempo, a idéia da mudança. A 1º de junho de 1891, os constituintes oficializaram a idéia da transferência da capital, no texto constitucional, ratificando-a na reforma de 1898, como na de 1918.

A primeira constituição republicana, em seu texto definitivo, previa em seu artigo 5º: "A Cidade de Goiás continuará a ser a capital do estado, enquanto outra causa não deliberar o congresso".

Vagamente abordada até 1930, a idéia mudancista só se firmou no governo de Pedro Ludovico, que tomou a decisão de fazer a transferência para local mais apropriado. Em 1932, foi assinado o decreto nº 2.737, de 20 de dezembro, nomeando uma comissão que, sob a presidência de D. Emanuel Gomes de Oliveira, então bispo de Goiás, escolhesse o local onde seria edificada a nova capital do estado.

O Coronel Antônio Pirineus de Souza, sugeriu a escolha de três técnicos: João Argenta e Jerônimo Fleury Curado, engenheiros, e de Laudelino Gomes de Almeida, médico, para realizarem estudos das condições topográficas, hidrológicas e climáticas das localidades de Bonfim, hoje Silvânia; Pires do Rio; Ubatan, atualmente, Egerineu Teixeira; e Campinas, hoje bairro goianiense, a fim de que, baseada no relatório dos técnicos, a comissão se manifestasse. Reunida em 4 de março de 1933, a comissão concluiu pela escolha da região de Campinas. A 24 de outubro do mesmo ano, houve o lançamento da pedra fundamental, no local onde está a sede do governo estadual.

Inicialmente a capital abrigou um grupo de casas de funcionários do governo à rua 20, próximo ao Córrego Botafogo, e não tardou a sair do papel através de um traçado urbanístico do tipo radial concêntrico - ruas em forma de raio, tendo como centro a Praça Cívica, onde estão as sedes dos governos estadual e municipal - Palácio das Esmeraldas e Palácio das Campinas. O plano é de autoria do urbanista Atílio Correia Lima, cabendo a sua execução aos engenheiros Jerônimo e Abelardo Coimbra Bueno.

Finalmente, a 23 de março de 1937, foi assinado o decreto nº 1816, transferindo definitivamente a capital estadual da Cidade de Goiás para a atual. O Batismo Cultural só ocorreu a 5 de julho de 1942, em solenidade oficial realizada no recinto do Cine-Teatro Goiânia, com a presença de representantes do presidente da república, governadores e ministros, além de outras autoridades.

Um Projeto Europeu
no Cerrado

O portal art-déco quase futurista da Exposição de 1942 se abre sobre o que de melhor tinha a oferecer a economia goiana. A nova capital e o mundo de oportunidades que se desvendava na nova fronteira deram a Goiás o impulso de que necessitava para romper o marasmo rural de séculos.
Quando Pedro Ludovico decidiu levar a cabo a construção da nova capital de Goiás, já existia um Plano Diretor da cidade, criado em 1933 pelo arquiteto Atílio Corrêa Lima, seguindo uma tendência urbanística já consagrada em diversas cidades importantes, como Karlsruhe e Washington. Coube a outro arquiteto, Armando de Godói, dar forma final ao projeto radial que caracteriza o núcleo de Goiânia.

Nesta foto de 1942, a Avenida Goiás se estende diante do Palácio das Esmeraldas, sede do governo estadual. Apenas uns poucos prédios se erguem sob o sol causticante do cerrado.
Um Visionário Pragmático

Pedro Ludovico formou-se em medicina no Rio de Janeiro. Sua tese de doutorado abordou a histeria, assunto avançado para a época. Retornou a Goiás para praticar a profissão, inicialmente em Rio Verde.

Mas a vida acadêmica ensinara-lhe também a arte da política, que exerceu com maestria durante toda sua existência.  Governou o estado por cinco mandatos, três como Interventor e dois como Governador eleito. Foi Senador por três vezes e sua luta pela redemocratização do país levou à cassação de seu mandato, em 1968.

Sua vontade férrea fez erigir no centro esquecido do Brasil uma nova cidade, abrindo caminho para para Juscelino e Brasília.

Getúlio Vargas visitou o canteiro de obras em 1940, dando apoio político à ousadia do médico goiano.

Pedro Ludovico morreu em 1979.
 
Goiânia - Eis o nome


Em outubro de 1933, o semanário "O Social", havia instituído um curioso concurso a respeito da escolha do nome para a nova capital. Leitores de todo o estado contribuíram, sendo interessante relembrar os nomes mais votados: Petrônia, Americana, Petrolândia, Goianópolis, Goiânia, Bartolomeu Bueno, Campanha, Eldorado, Anhanguera, Liberdade, Goianésia, Pátria Nova, entre outros. Em 2 de agosto de 1935, Pedro Ludovico usou, pela primeira vez, o nome "Goiânia", ao assinar o decreto nº 237, criando o município de Goiânia. O ganhador do concurso foi o Professor Alfredo de Castro, com o pseudônimo "Caramuru".
 
Carro de Boi Bom é o Gemedor

Sem estradas praticáveis para caminhões,
o material de construção chegava ao canteiro puxado por juntas de boi,
como esta que acaba de descarregar diante do Palácio das Esmeraldas.

Os operários que vinham construir a cidade
não encontravam outras acomodações além
de choupanas fincadas no meio do mato.



Atividades
1) Desde o Período Colonial já existia a vontade de transferir a capital do Estado de Goiás. Que justificativas eram alegadas para esse fato? Capriche.

2) Em 1932  uma nova impulsão a transferência da Capital do Estado é retomada, o que isso provocou na sociedade? Como é justificada a transferência? Explique. 

3) Varias personalidades foram envolvidas no projeto de transferência da Capital do Estado de Goiás, comente sobre as principais. 


4) Como Justificar a frase:   
"Um Projeto Europeu no Cerrado."
5) Uma nova Capital para o Estado de Goiás era algo desejado por muitos e escolher o nome dessa Cidade era um desafio. Como foi feita essa escolha? Comente. 


 

segunda-feira, 4 de abril de 2011

História regional - Goiás / Itaberaí -



A Mineração em Goiás
Dois tipos de jazidas auríferas foram explorados no Brasil: 1) as jazidas sedimentares do ouro de aluvião, e 2) as formações rochosas com veios auríferos na pedra.

A Política Fiscal nas Minas
 No Brasil, sempre que o rei concedia licença às bandeiras para buscar ouro ou prata ou outros metais exigiam que pagassem o quinto, segundo a lei do reino.
O direito do rei ao quinto ninguém discutia, embora muitos mineiros pensassem que não estavam obrigados a pagar impostos e procurassem evitá-los mediante o contrabando.
A riqueza de ouro em Goiás  
Goiás foi o segundo produtor de ouro do Brasil, bastante inferior a Minas – aproximadamente 1/6 – e um pouco superior a Mato Groso – talvez 10/7.
Em 1640, o Brasil tinha aproximadamente 170.000 habitantes, que conseguiam produzir e exportar 3,8 milhões de libras em ouro. Em 1740 havia nas minas mais ou menos 450.000 habitantes, que conseguiam produzir e exportar 3,8 milhões de libras em ouro. Em 1740 havia nas minas mais ou menos 450.000 habitantes, que produziam e exportavam ouro no valor de 2,2 milhões de libras. A produção por habitantes na economia do açúcar era de 22 libras, e no tempo do ouro de 5 libras, isto é, quatro vezes menos.
Vemos por esta comparação que a época do ouro não foi tão rica, nem a produção tão grande como às vezes se pensa.
Podemos perguntar. Esta riqueza para onde foi, que proveito trouxe para o Brasil e para Goiás?
Uma dos possíveis respostas pra essa pergunta é a de que o ouro foi para a metrópole e, de lá foi parar no bolso dos banqueiros e industriais ingleses, que ensaiavam, na época, a Revolução Industrial. Goiás pouco ou quase nada recebeu, pois, após o fim do curto período de mineração Alguns sumiram por completo, como é o caso de Ouro Fino.
Goiás pertenceu ate 1749 a capitania de São Paulo. A partir desta data, tornou-se capitania independente.
Quadro Administrativo: a capitania de Goiás
Goiás fora descoberto por paulistas era uma terra teoricamente pertencente a capitania de São Paulo.
Por isso de inicio considerado um território de minas dentro da capitania de São Paulo.
Nos primeiros anos o Intendente (responsável pela administração local das minas) foi Bartolomeu Bueno. O Anhanguera. Mas tarde, por causa de certas desordens (na verdade, os motivos foram políticos), foi substituídos pelo ouvidor. A corte portuguesa decidiu tornar Goiás independente de São Paulo, elevando-o à Categoria de Capitania.
Em 1749 chegou a Vila Boa o primeiro Governador e Capitão General, D. Marcos de Noronha, o Conde dos Arcos. O território goiano passou então a ser denominado Capitania de Goiás, titulo que conservaria ate a independência, quando se tornou Província.
Toda capitania do Brasil um governo próprio e independente, ligado diretamente ao rei e aos organismos centrais de Lisboa, especialmente ao Conselho Ultramarino.
A autoridade principal era o Governador, responsável pela administração e pela aplicação das leis. A justiça a cargo do Ouvidor, independente nesta parte até do próprio governador. A parte da arrecadação de impostos (Fazenda Real) correspondia ao cargo de Intendente, também com bastante autonomia. Essa divisão era meramente teórica pois, constantemente um invadia a esfera de poder do outro, gerando conflitos que por vezes acabava com um derrubado pelo outro, de acordo com o prestigio junto à coroa.
A população de Goiás
Em todo descobrimento de ouro numa terra nova, os primeiro anos são de um dinamismo populacional extraordinário: atraídas pela miragem do ouro, acorrem à região grandes multidões, que percorrem, vasculham e povoam os desertos.
Em 1750, ao tornar-se Goiás capitania, os habitantes deviam ser pouco menos de 40.000. A população tinha mais que dobrado nestes 25 anos.
Nos trinta anos seguintes, a população continuou aumentando, embora já a um ritmo inferir em 1783 haviam em Goiás quase 80.000 habitantes, um aumento de mais de 50%.
A sociedade em Goiás durante a Colônia
É sabido que a sociedade colonial, como todas as sociedades do Antigo Regime, era uma sociedade que não se fundava no principio da igualdade de todos seus membros.
Mais importante em Goiás, e no Brasil, é a diferença fundamental entre livres e escravos.
A economia açucareira, que dominara os dois primeiros séculos da colonização do Brasil, foi uma economia estruturada sobre o trabalho escravo; conseqüentemente a sociedade do açúcar apresentava como uma de suas estruturas fundamentais a oposição livre x escravo.
Nas áreas de mineração a situação não era diferente, baseava-se no trabalho escravo.
Em 1738 os escravos eram aproximadamente 12.000. Não é possível, por falta de dados , determinar a proporção exata no total da população. Contudo, pode-se afirmar que não devia ser inferior aos 60ou 70%.
Em 1750 os escravos já alcançavam o numero de 20.000; a proporção devia continuar a mesma, ou talvez um pouco inferior.
Em 1804 – primeiro recenseamento que conservamos, o numero de escravos continuou o mesmo, mas a proporção era notavelmente mais baixa: os livres passavam de 30.000, sendo os escravos, portanto, apenas 40% do total.
A que se devia essa tendência à diminuição do numero relativo de escravos nos territórios de mineração?
*  A diminuição ou estancamento na importação de escravos (para Goiás);
*  A diminuição da produtividade do trabalho escravos, em virtude da escassez do ouro;
*  A compra da liberdade;
*  A miscigenação;
*  O tipo de trabalho (era praticamente impossível na pecuária extensiva). 
 
 
População de Goiás – 1804
 
Brancos: 7131, Pardos: 16.531, Pretos: 7.913, Escravos: 19.159.
Pode-se notar, através desse censo, que a quantidade de mão-de-obra negra diminui consideravelmente, isso se deu em virtude do escasseamento do ouro e o deslocamento dessa força de trabalho para outras regiões ou outras ativi8dades.
Tentativas governamentais para o progresso de Goiás
Como medidas salvadoras, o Príncipe Regente – D. João, tendo em vista seus objetivos mercantilistas, passou a incentivar a agricultura, a pecuária, o comércio e a navegação dos rios.
*  Foi concedida isenção dos dízimos por espaço de tempo de dez anos aos lavradores que, nas margens dos rios Tocantins, Araguaia e Maranhão fundassem estabelecimentos agrícolas.
*  Deu-se especial ênfase à catequese e civilização do gentio com interesse em aproveitar a mão-de-obra dos índios na agricultura
*  Criação de presídios á margem dos rios com os seguintes objetivos:
proteger o comércio,auxiliar a navegação e aproveitar o trabalho dos naturais para o cultivo da terra
*  Incrementou-se a navegação do Araguaia e Tocantins
* Revogou-se alvará de 5 de janeiro de 1785 que proibia e extinguia fábricas e manufaturas em toda a colônia.Esta revogação foi seguida de estímulos à agricultura do algodão e à criação de fábricas de tecer.
Conseqüências da decadência da mineração
Em 1823, Cunha Matos, enviado ao Norte para reconduzi-lo à união com o Sul, documenta em seus escritos a indolência do povo e a decadência dos arraias sublevados: “Cavalcante é quase nada,... aqui falta tudo, a fome é terrível..., dizem que nas Arrias, Conceição, Flores e Natividade, ainda é pior...”. Somos tentados a fazer a seguinte observação. Eram estes lugares mais prósperos do Norte na fase mineratória. Por que agora esta indolência, este marasmo? Ausência de um produto básico, é o que nos parece real.
A Independência de Goiás
Assim como no Brasil, o processo de independência em Goiás se deu gradativamente. A formação das juntas administrativas, que representam um dos primeiros passes nestes sentidos, deram oportunidade à disputas pelo poder entre os grupos locais.
Especialmente sensível em Goiás foi a reação do Norte que, se julgando injustiçado pela falta de assistência governamental, proclamou sua separação do Sul.
Primeiras manifestações contra a administração colonial
As insatisfações administrativas existiam mas raramente se manifestava. Foram as câmaras que se manifestaram em primeira linha contra os Capitães Generais, representantes diretos da metrópole.
A dar-se credito na documentação oficial, este movimento não era rico do sentimento nacionalista. Era do clero, que se sentia lesado em seus interesses.
A conspiração foi denunciada e seus principais implicados receberam como castigo deportação para alem de 50 léguas da capital de Goiás.
Os grupos locais, com diferentes idéias e com os mesmos objetivos – o poder – entraram novamente em choque. Houve até mesmo quem falasse em ideal republicano. No entanto, a situação foi dominada por conchavos políticos entre as famílias ricas e influentes de Goiás e Meia Ponte, sempre coerente com a ordem constituída, desde que ela lhes oferecesse a direção da futura Província.
Entre estas famílias que dominaram a situação, salientam-se o Rodrigues Jardim, os Fleurys, os Bulhões, que estiveram presentes na conjuntura política durante todo o período de Goiás Província e lançaram raízes nas diretrizes oligárquicas até o fim da chamada Republica Velha.
O primeiro presidente de Goiás, nomeado por D. Pedro, foi Dr. Caetano Maria Lopes Gama, que assumiu o cargo a 14 de setembro de 1824.



ITABERAÍ 
ITABERAÍ--GOIÁS Itaberaí, não surgiu do ouro, mas com ele. Com a descoberta das minas de ouro nas barrancas do Rio Vermelho, onde é hoje a Cidade de Goiás (fundada por Bartolomeu Bueno da Silva Filho em 1727) e como o transporte era a pé ou a cavalo e a velocidade de locomoção era de mais ou menos 40 kms por dia, era necessário que surgissem pelo caminho, pousadas. Estas pousadas eram para os viajantes descansarem, pernoitarem e também para alimentar e descansar a tropa. Foi aí que surgiu uma pousada com um curralzinho onde hoje é Itaberaí que fica mais ou menos 40 kms da Cidade de Goiás. Em 1779, em um mapa da província de Goiás, constava o nome Curralinho. Com a construção de uma casa de orações em devoção a N. S. D”Abadia, foi chegando moradores, o arraial de Curralinho foi se firmando”. Como a região de Itaberaí é mais plana e propícia para a agro-pecuária, chegaram aí pessoas que tinham vocação para esta atividade. E toda esta produção era consumida pelos milhares de garimpeiros que chegavam à região do Rio Vermelho. Entre os primeiros moradores influentes temos: Francisco Sá Tavares, Capitão-Mor Salvador de Campos, Capitão João Luis Brandão e Cap. Felipe Antônio Cardoso. Em 1868, Curralinho foi emancipada e em 1924 foi mudado no nome de Curralinho para Itaberaí, que em tupi-guarani significa rio das pedras brilhantes, em homenagem ao rio que banha a cidade. Itaberaí faz parte da bacia hidrográfica do Tocantins, Itauçu a cidade vizinha é bacia Platina e a Cidade de Goiás, bacia do Araguaia..Três cidades vizinhas, cada uma em uma bacia Hidrográfica distinta. O rio Uru que faz a divisa entre os municípios de Goiás e Itaberaí, é considerado como a principal nascente do Rio Tocantins. A população de Itaberaí é de mais ou menos 30.000 habitantes, e tem uma vegetação de cerrado. ECONOMIA: Itaberaí tem uma economia diversificada. A pecuária é desenvolvida, com confinamento ( pecuária intensiva) e pecuária extensiva. É uma das mais importantes bacias leiterias do estado e há indústrias de laticínios. Itaberaí é um grande produtor agrícola no estado, destaca-se na produção de soja, milho, feijão, tomate, goiaba, cana e laranja. A avicultura é também uma importante atividade econômica em Itaberaí e todo frango produzido na região é abatido na cidade, através da Super Frango, que abate mais de 100 mil aves por dia e gera mais de 2000 empregos diretos e indiretos. Aqui possui um comércio promissor e cinco agencias bancarias (Banco do Brasil, CEF, HSBC, Itaú e Bradesco). CULTURA: Itaberaí é um dos berços da cultura em Goiás, é uma cidade histórica. Possui a Casa de Cultura Cel. João Caldas, com bibliotecas, galeria de fotos e documentos antigos, Museu, e é a sede da Academia Itaberina de Letras e Artes. Fazem parte da academia, escritores, poetas, artistas e historiadores. Possui Clube de Xadrez, o qual já foi campeão goiano. O xadrez é ensinado nas escolas. Como manifestação cultural tem: folia de Reis, Folia do Divino, festas Juninas, Festas da Padroeira (N.S. da Abadia), carnaval, catira (o grupo de catira de Itaberaí apresenta em Barretos-SP, Vacarias RG e outras), antecedendo o carnaval temos o Zé Pereira.

TRABALHO
  1. Comente como se deu a mineração em Goiás e como era a fiscalização sobre essa atividade.
  2. A região de Goiás foi a segunda produtora de ouro do Brasil Colonial, mas onde foi parar essa riqueza? Justifique sua resposta.
  1. O trabalho na mineração era livre ou escravo? Qual era a realidade de vida desses trabalhadores? Justifique sua resposta.
  2. Como era dividida a população em Goiás? Comente.
  3. Em 1823, Cunha Matos, enviado ao Norte e documenta em seus escritos a indolência ( indiferença, apatia...) do povo e a decadência dos arraias sublevados. Como ele descreve essas regiões. Comente.
  4. Como o povo de Goiás demonstrou a insatisfação administrativa contra o Governo Imperial.
  5. Em que contexto surge a Cidade de Itaberaí na História de Goiás? Explique sua resposta.
  6. Inicialmente a Região de Itaberaí recebe o nome de Curralinho e só tempos depois passa a ser Itaberaí a que se justificam esses nomes?
  7. Como era o desenvolvimento econômico da região de Itaberaí no período Colonial? E atualmente houve muitas modificações no segmento econômico? Justifique.
  8. E a cultura da região de Itaberaí, como se encontra? Você conhece alguma forma de representação cultural da região. Comente.